domingo, 4 de março de 2012

CRIS

vejo-te às vezes tão menina
deitada em meu ombro
que tenho medo de tocar-te
quando acordas de repente
com o teu par de covinhas
que me diz mais que qualquer arte
penso - amo-te sem modéstia à parte

peço-te que me acendas um cigarro
e mesmo sem fumar
delicada me fazes
- Vou te passar um café - dizes
a reclamar que bebi demais
no bar co chicão aqui em frente
agora sou eu tornado menino
a deitar-me no teu ombro
e a perceber meu bem
que este mundo é um assombro

fecho-me do mundo meu amor
e me morro dentro de ti

Júlio Saraiva
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e,sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta

Cecília Meireles